Destaque

ENTREVISTA: Sérgio Migliorini analisa desafios da gestão pública 3sx5h

Este ano será desafiador para todos: empresas que ainda sofrerão as consequências da crise provocada pelo novo coronavírus; governos que também terão que reavaliar condutas em função da pandemia; e população em geral que, embora de maneiras diferentes, foi afetada com as consequências da covid-19. Nesse cenário assumiram mandatos novos es públicos nas prefeituras de todo o País. Entre diversos desafios, eles terão a missão de retomar o equilíbrio da economia e fazer os municípios seguirem em frente, fortalecidos e mais preparados para enfrentar adversidades. 1p440

Nesta entrevista, o diretor de Relações Governamentais da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Sérgio Migliorini, faz uma análise desse cenário.

Clique aqui e receba notícias de Chapecó e Região, do Brasil e do mundo pelo WhatsApp!

Quais são os desafios que a nova istração Municipal enfrentará no quadriênio 2021/2024?

Sérgio Migliorini – Inicialmente istrar as dificuldades orçamentárias geradas pela queda das receitas em decorrência das paralizações obrigatórias em função da covid-19. Em segundo lugar, enfrentar as resistências e interesses políticos na redução substancial de custos, ação obrigatória para geração de superávit, especialmente as relacionadas ao quadro de pessoal. E em terceiro lugar, a necessidade de suprir as demandas crescentes do município, nos mais diversos setores, a fim de não paralisar ou engessar o seu desenvolvimento, em um ambiente de escassez de recursos. E por derradeiro, a previsibilidade de redução substancial de subvenções oriundas da União e do Estado pelas mesmas razões, o que exigirá muita experiência, racionalidade e criatividade do gestor e sua equipe.

Chapecó diversificou sua matriz econômica. O agro continua sendo a locomotiva da economia do Município, mas outros setores cresceram de forma exponencial. Quais desses setores, na sua avaliação, têm maior potencial de crescimento?

Migliorini – Com certeza os setores de saúde e educação. O primeiro, com amplas áreas de especialidades ainda abertas para os profissionais e também para as clínicas e hospitais. Outro setor com grandes perspectivas é o da tecnologia aplicada. A migração dos sistemas mecânicos e analógicos para o digital abre campos imensos de oportunidades, juntamente com o setor de serviços, que vem numa crescente em todo o mundo.

O setor de tecnologia se agigantou nas últimas décadas com o surgimento de centenas de empresas de base tecnológica que ganharam grande projeção no mercado. A que se deve esse fenômeno?

Migliorini – À competitividade. O diferencial entre uma empresa tecnificada e uma tradicional em termos de resultados é notório e, às vezes, excludente, ou seja, uma empresa que não se atualizou à nova realidade terá dificuldades para sobreviver e isso é irreversível.

A política municipal de apoio ao desenvolvimento econômico, em sua opinião, atende as necessidades dos empresários e empreendedores?

Migliorini – Deixa muito a desejar. Empreender no Brasil se tornou um ato de obstinação (teimosia) e de paciência. A incompreensível burocracia e os obstáculos interpostos pelos órgãos públicos a quem paga os seus salários, a má vontade e a lentidão nas respostas, aliados a outros fatores desestimulantes ao pleno desenvolvimento, somados à penalizadora carga tributária e à falta de infraestrutura pública a quem quer produzir, deveriam ser temas de correção prioritária de qualquer governo. O propulsor do progresso e da justiça social é o desenvolvimento econômico, posto que sem este os demais tornam-se impossíveis.

Qual será o cenário que enfrentaremos nos pós-pandemia? Quais as lições que ficarão para os empresários, o governo e a sociedade quando essa emergência sanitária for completamente superada?

Migliorini – O cenário da reconstrução. O Brasil vinha numa crescente e teve um retrocesso. Agora precisamos, lamentavelmente, recomeçar quando poderíamos ter continuado a avançar. Os empresários aprenderam a lição que, nas crises, sobrevivem os mais precavidos e os mais aptos. A sociedade aprendeu que as regras e os cuidados de higiene podem salvar suas vidas, mesmo sem a vacina. Porém, temos nossas dúvidas se alguns governantes aprenderam alguma lição.

Há esperanças de uma forte retomada do crescimento em 2021. Como deverá ser este ano para Chapecó e o grande oeste, visto que nessa região o agronegócio atenuou os efeitos da crise?

Migliorini – Existe uma grande demanda reprimida. Chapecó e o grande oeste devem aproveitar essa situação. Obviamente que existem fatores externos que influenciarão fortemente a nossa região no ano que inicia. Os suprimentos de energia, água, matérias-primas, a elevação dos custos gerais e a esperada reforma tributária causarão impactos sensíveis a todos os setores, inclusive ao agronegócio.

Nos últimos anos o município vem recebendo milhares de pessoas oriundas de países em crise econômica, política e humanitária.  Como essa imigração internacional vai impactar a economia local e a demanda sobre os serviços públicos?

Migliorini – Chapecó é tradicionalmente um importador de mão de obra. O Balcão de Empregos disponibiliza permanentemente centenas de oportunidades de trabalho não supridas. A mão de obra internacional, além do fator humanitário, é muito bem-vinda, pois vem preencher essa lacuna. Porém, há uma grande preocupação com relação à abertura indiscriminada das portas do município a indivíduos que não vieram aqui para trabalhar, pois todos igualmente utilizam os serviços públicos, sem a devida contrapartida. Isso deve merecer a especial atenção da nova istração para não se transformar num problema social ou de segurança.

Com toda sua pujante trajetória econômica e sua expressiva contribuição ao País, Chapecó nunca conseguiu eleger um governador em 103 anos de história. A que se deve essa incompetência política?

Migliorini – A vários fatores. O primeiro é de demografia eleitoral. O oeste isoladamente não predomina sobre o restante do Estado. O segundo é que poucas vezes Chapecó ofereceu ou pleiteou o cargo. O terceiro é isolamento histórico da região em relação ao poder maior, o que não será revertido por forças alheias, que não são nossas. E por derradeiro, a falta de estratégia ou de um projeto de unidade regional, com a promoção de um nome que venha a agregar o nosso potencial representativo.

Qual é o atual papel da ACIC na contextura atual de Chapecó e do oeste?

Migliorini – O que ela vem desempenhando ao longo da sua história. O papel representativo, desenvolvimentista, reivindicador, suprapartidário, motivador, integrador e visionário.

Artigos relacionados 1b5o2s

Verifique também
Fechar
  • Photo of Polícia Civil de Xaxim cumpre mandado de prisão por tentativa de feminicídio

    Polícia Civil de Xaxim cumpre mandado de prisão por tentativa de feminicídio 531o3r

  • Photo of Balcão de Empregos de Chapecó tem 1,1 mil vagas

    Balcão de Empregos de Chapecó tem 1,1 mil vagas 574i3u

  • Photo of Prefeito de Pouso Redondo renuncia para disputar eleições de 2022

    Prefeito de Pouso Redondo renuncia para disputar eleições de 2022 5b1t3x

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado 3a6870

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios