
A África está literalmente sendo dividida ao meio por uma força colossal vinda do núcleo da Terra. É o que revela estudos liderados por cientistas do Reino Unido. A pesquisa, que analisa gases do campo geotérmico de Menengai, mostra no centro do Quênia, uma coluna gigante de rocha superaquecida, localizada a cerca de 2.900 quilômetros de profundidade, estaria provocando o processo de separação no leste do continente. 26l2c
A pesquisa analisou o chamado Sistema de Fendas do Leste Africano — uma enorme rachadura geológica com mais de 3.500 quilômetros de extensão que a por Etiópia, Quênia, Uganda e Malawi. A rachadura vem se alargando lentamente há milhões de anos, dizem os especialistas da Universidade de Glasgow em parceria com instituições da China e dos EUA, que coordenam o estudo.
Segundo os cientistas, esse rompimento está sendo impulsionado por uma estrutura colossal conhecida como LLSVP (Large Low-Shear Velocity Province), uma espécie de “pluma” de rocha quente e densa que sobe do limite entre o manto e o núcleo da Terra. Essa atividade subterrânea vem criando pressão suficiente para literalmente rachar o continente africano pela metade.
Os dados sugerem que, se o processo continuar, a África poderá se dividir em dois blocos separados nos próximos milhões de anos. Embora o fenômeno aconteça em uma escala de tempo muito longa, seus efeitos já são sentidos em países como Etiópia, Quênia e Tanzânia, onde tremores de terra são cada vez mais comuns.
Segundo os cientistas, os gases coletados nas fontes termais da região têm a mesma química dos encontrados em rochas vulcânicas do Havaí — o que reforça a ideia de que fenômenos semelhantes estão ocorrendo também sob o Oceano Pacífico.
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Fin Stuart, professor da Universidade de Glasgow e do Centro Escocês de Pesquisa Ambiental de Superfície (SUERC), liderou o estudo. “Há muito tempo queremos entender como o material do interior profundo da Terra chega à superfície, quanto é transportado e qual é o impacto disso na formação da topografia do planeta”, afirmou.
“Nossa pesquisa indica que existe uma imensa bolha quente de rocha abaixo da África Oriental. Essa estrutura está empurrando as placas tectônicas para longe umas das outras e elevando o continente africano, que hoje se encontra centenas de metros acima da altitude normal”, explicou Stuart.
Para a pesquisadora Biying Chen, da Universidade de Edimburgo, os gases revelam segredos importantes sobre o funcionamento interno da Terra e os processos que moldam sua superfície ao longo de milhões de anos.
Do R7